Doses maiores

28 de novembro de 2019

A esquerda, os extremos e seus valores fortes

Nas últimas semanas, estouraram rebeliões na Argélia, Catalunha, Chile, Colômbia, Equador, Haiti, Hong Kong, Irã, Iraque e Líbano.

Os estopins variam, mas a pólvora é fornecida pelo colapso econômico que começou em 2008 e não dá sinais de se esgotar. Essa crise mostra que o capitalismo está mais global do que nunca e seus piores efeitos também.

Capitais quebraram e foram generosamente socorridos. Nada parecido aconteceu com as centenas de milhões que ficaram sem trabalho ou que viram seus ganhos derretidos pelas dívidas.

Para essa massa de trabalhadores sobraram novas frustrações quanto às mais recentes promessas de prosperidade para todos. Mesmo os “mais qualificados” se tornaram escravos de aplicativos que movimentam bilhões diariamente e lhes rende alguns trocados por hora.

O fato é que o sistema vive um esgotamento radical que exige soluções radicais. O capital já apresentou as suas. Mais concentração de riqueza, violência estatal e paraestatal, injustiça social, adoecimento generalizado, colapso ambiental...

Como consequência, tudo faz cada vez menos sentido para a grande maioria da população do planeta. As inúmeras rebeliões são justas, mas seu horizonte estratégico está em disputa. Por toda a parte, a extrema direita defende os valores fortes do capital: truculência, censura, discriminações, machismo, racismo, elitismo...

Mas a esquerda eleitoral defende valores fracos. Insiste em preservar as mesmas instituições que estão causando todo esse turbilhão global. Continua a buscar alianças com setores da direita que abriram alas para suas hordas selvagens avançarem.

À crise do capital, a esquerda precisa responder com seus valores fortes. Aqueles ligados a um anticapitalismo de ruptura. Inclusive, do ponto de vista de ganhos eleitorais.

Continua...

Leia também: A esquerda precisa olhar para os extremos (2)

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