A recente guinada à
esquerda dos trabalhistas ingleses é um retorno ao antigo programa do estado de
bem-estar social. Uma proposta que pretendia ser um caminho sensato entre “socialismo
estatal” e “capitalismo selvagem”.
Mas essa solução meia-boca
foi imposta por um cenário em cujas extremidades estavam dois arsenais atômicos
capazes de destruir várias vezes o planeta.
Eric Hobsbawm chamou “Era
dos Extremos” ao século do auge capitalista. Mas o capitalismo jamais abandonou
o extremismo.
Os capitalistas sempre
usaram o proletariado como bucha-de-canhão para resolver seus conflitos com a
antiga aristocracia ou entre eles mesmos.
Às exigências dos trabalhadores,
a burguesia costuma responder com massacres. Com destaque para a carnificina
provocada por duas guerras mundiais e uma revolução proletária afogada em
sangue.
No final do século
passado, o capitalismo comemorou a dissolução da União Soviética. Seria o fim
da Era dos Extremos, não fosse pelos aviões que atingiram as Torres Gêmeas.
Em praticamente todo o
sul global, a democracia não passa de encenações mambembes patrocinadas pelo imperialismo.
Nesses lugares, ditaduras truculentas sucedem democracias violentas e vice-versa.
Se é fundamental
defender as liberdades políticas e civis, a ditadura econômica do dia-a-dia transforma
as “franquias democráticas” em luxo para poucos.
Terminado o último
espasmo de bonança econômica, nova onda autoritária atinge a enorme maioria do
planeta. E, por aqui, muitos pretendem reagir a ela apelando aos valores
democráticos da Casa Grande.
A esquerda deve
olhar para os extremos porque num deles o inimigo mantêm seus cães emboscados. E
no outro, fica a radicalidade da exploração e opressão, único lugar capaz de parir
verdadeiras alternativas de luta.
Leia também: A
esquerda precisa olhar para os extremos (1)
Serginho, perfeito, uma coisa que não me sai da cabeça é o título do livro do Hobsbawn. Acho que preciso até relê-lo. De tantas incertezas sobre o momento atual, só de uma tenho certeza, vivemos a era dos extremos, quer dizer, mais extremos à direita que à esquerda. Linda frase com a qual encerra esta Pílula. Bjs.
ResponderExcluirLi o livro do Hobsbawm há muito tempo também. Mas acho que os extremos a que ele se referia eram mais o resultado do contraste entre enorme capacidade produtiva e o tremendo potencial destrutivo que o capitalismo alcançou e se revelou no século 20.Valeu o comentário, Marião!Beijo
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