A historiografia
costuma encontrar sérios problemas quando se trata de coletar dados biográficos
sobre mulheres consideradas importantes. A adoção dos sobrenomes de seus
maridos muitas vezes torna muito difícil o levantamento de sua história pessoal.
Mesmo as mais destacadas, acabam tendo sua individualidade soterrada pela
dos homens com quem conviviam.
Se isso é verdade para
mulheres de origem europeia, imagine para as não brancas. Pior ainda, se elas
foram personagens extraordinárias na luta e resistência de povos escravizados,
como os negros e indígenas. Grandes exemplos dessa situação são Aqualtune,
Dandara e Luiza Mahin.
Aqualtune frequentemente
é descrita como mãe de Ganga Zumba e avó de Zumbi dos Palmares. Mas há razões
para acreditar que, muito além disso, ela foi a principal figura na fundação e
organização do mais famoso quilombo. Inclusive, do ponto de vista militar.
Dandara também é
apontada como esposa de Zumbi. Dificilmente, ela deve ter desempenhado somente esse
papel menor. Certamente, mais que mulher de um líder, ela exerceu papel
fundamental à frente de uma grande comunidade sob forte cerco dos escravocratas.
Por fim, Luiza Mahin costuma
ser identificada como a mãe do grande escritor abolicionista Luiz Gama. No
entanto, ela participou ativamente da Revolta dos Malês, na Bahia, em 1835. E
pela perseguição que sofreu, muito provavelmente, exerceu funções de direção do
movimento.
Há quem diga que a exatidão
científica sobre a vida dessas mulheres jamais poderá ser estabelecida. É
provável que não. Afinal, é isso que interessa à ciência dos dominadores. Mas a
verdade que elas representam está consolidada pelas lutas de que participaram.
O sobrenome delas é Liberdade.
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