Doses maiores

26 de novembro de 2019

A esquerda precisa olhar para os extremos (1)

Reestatizaremos os correios e os sistemas de ônibus, trens, água e energia, para acabar com o grande roubo que significaram as privatizações.

Forneceremos banda larga gratuitamente para todas as casas do país, criando um novo serviço público, impulsionando a economia e conectando comunidades.

Acabaremos com o banco de alimentos [um auxílio para os mais pobres] e tiraremos crianças e aposentados da pobreza. Todos terão acesso a alimentos saudáveis, nutritivos e produzidos de forma sustentável.

Aprovaremos um salário mínimo real de, pelo menos, 10 libras (55 reais) por hora para todos os trabalhadores - com direitos iguais desde o primeiro dia de trabalho. Acabaremos com a insegurança e a exploração eliminando as contratações precárias e fortalecendo os direitos sindicais.

As medidas acima são apenas algumas dentre as divulgadas em um recente manifesto do Partido Trabalhista britânico para disputar as próximas eleições.

As propostas surpreendem. Principalmente por se tratar de um partido que, no final dos anos 1990, passou a fazer enormes concessões ao neoliberalismo e tornou-se cúmplice das políticas de guerra do imperialismo estadunidense.

Mas o documento também demonstraria uma radicalidade política que a esquerda há tempos não adota em lugar algum. No Brasil, por exemplo, nenhum partido de esquerda com potencial eleitoral defende um programa geral de reestatização.

O fato é que diante de uma direita cada vez mais extremista, temos nos limitado a defender uma democracia que se revela como farsa insustentável na realidade cotidiana das grandes maiorias exploradas do país.

Ainda assim, a radicalização dos trabalhistas ingleses parece tardia. O que dizer, então, da radicalidade que nossa realidade impõe, mas insistimos em ignorar?

Continua...

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2 comentários:

  1. Sergio, conheci alguns pontos desse manifesto do Partido Trabalhista em uma comparação irônica dele com o PSOL, feita pelo Vladimir Safatle. Ele dizia que esse manifesto estava mais à esquerda que as muitas propostas de um partido considerado bem à esquerda que era o PSOL.

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    1. Sim, é isso que estou querendo começar a discutir com essa pílula. Vou tentar entrar nesse debate proposto pelo Safatle (e alguns outros) no sentido de que é preciso mais radicalização contra Bolsonaro e não uma moderação destinada a parecer como defesa do estado de coisas terrivelmente injusto da sociedade brasileira.

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