Capitalismo
cibernético. Este conceito começou a ser discutido nos anos 1960 e a ser visto
por setores da esquerda como uma nova configuração do capital, que permitiria
avanços importantes na luta contra sua dominação.
Mais recentemente,
muitos desses setores passaram a entender que os novos dispositivos digitais pessoais
estariam colocando os "meios de produção" nas mãos da classe
trabalhadora.
As aspirações utópicas
do comunismo, diziam eles, poderiam ser realizadas sem conflito, dentro dos
limites do capitalismo, através da auto-organização pelas mídias sociais.
Dois desses teóricos
são Antonio Negri e Michael Hardt. Em 2000, eles publicaram “Império”, no qual
defendiam a possibilidade de superação do capital por sua substituição digital.
No lugar do proletariado, a multidão.
O problema dessas
concepções é que elas não levaram em conta de modo suficiente a origem do termo
“cibernética”. Ele vem de “kybernetes”, palavra grega para a atividade de governar,
controlar, dirigir.
O grande colapso
econômico de 2008 e as revoltas de 2011 impuseram o reexame da relação entre
cibernética e luta de classes. É preciso analisar o capital cibernético tomando
como ponto de partida não os conceitos de trabalhador nem de multidão, mas de proletariado.
Ser proletário é ser
privado do controle sobre o processo de trabalho e o que é produzido. É ser separado
das outras pessoas por relações competitivas de mercado e despojado da conexão
com o ambiente natural.
São condições que de
forma alguma foram superadas pelo “capitalismo cibernético” e que continuam
fazendo do proletariado uma força revolucionária em potencial.
As conclusões acima
são de Nick Dyer-Witheford em seu livro “Cyber-Proletariat”, ainda sem tradução.
Voltaremos a ele.
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