Doses maiores

19 de novembro de 2019

Capitalismo cibernético e proletariado revolucionário

Capitalismo cibernético. Este conceito começou a ser discutido nos anos 1960 e a ser visto por setores da esquerda como uma nova configuração do capital, que permitiria avanços importantes na luta contra sua dominação.

Mais recentemente, muitos desses setores passaram a entender que os novos dispositivos digitais pessoais estariam colocando os "meios de produção" nas mãos da classe trabalhadora.

As aspirações utópicas do comunismo, diziam eles, poderiam ser realizadas sem conflito, dentro dos limites do capitalismo, através da auto-organização pelas mídias sociais.

Dois desses teóricos são Antonio Negri e Michael Hardt. Em 2000, eles publicaram “Império”, no qual defendiam a possibilidade de superação do capital por sua substituição digital. No lugar do proletariado, a multidão.

O problema dessas concepções é que elas não levaram em conta de modo suficiente a origem do termo “cibernética”. Ele vem de “kybernetes”, palavra grega para a atividade de governar, controlar, dirigir.

O grande colapso econômico de 2008 e as revoltas de 2011 impuseram o reexame da relação entre cibernética e luta de classes. É preciso analisar o capital cibernético tomando como ponto de partida não os conceitos de trabalhador nem de multidão, mas de proletariado.

Ser proletário é ser privado do controle sobre o processo de trabalho e o que é produzido. É ser separado das outras pessoas por relações competitivas de mercado e despojado da conexão com o ambiente natural.

São condições que de forma alguma foram superadas pelo “capitalismo cibernético” e que continuam fazendo do proletariado uma força revolucionária em potencial.

As conclusões acima são de Nick Dyer-Witheford em seu livro “Cyber-Proletariat”, ainda sem tradução. Voltaremos a ele.

Leia também: A caminho do “ciberproletariado”

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