Doses maiores

18 de dezembro de 2019

Qual democracia devemos defender contra Bolsonaro (2)

“Tratamos Bolsonaro como se ele ainda fosse um candidato azarão e não o presidente do país”, diz Marcos Nobre em mais um de seus bons artigos para a revista Piauí.

“O efeito dessa preguiça política generalizada, afirma, é favorável a Bolsonaro em pelo menos três sentidos”:

Entra no ritmo eleitoral em que ele se sente confortável. Acredita no show de um presidente acuado, nas cordas, sem margem de ação. E, paradoxalmente, trata seu governo como se fosse um governo normal. A prova mais cabal dessa normalidade é que todas as forças políticas continuam a fazer cálculos meramente eleitorais, sem levar em conta que é a própria democracia que está em risco.

Mais à frente, adverte:

No mundo todo, movimentos antidemocráticos destroem a democracia pela via eleitoral. Para isso, reduzem a democracia à realização de eleições, justamente. Insistem que a democracia não depende de instituições democráticas e de uma cultura política democrática para existir, precisa apenas de eleições e de consultas populares.

O articulista estaria corretíssimo se não considerasse um possível “encontro entre Lula e Rodrigo Maia” um “sinal alentador”. Ou se não aprovasse proposta da direção do PT, no sentido de “buscar alianças mais amplas, até com personalidade e setores de centro, em prol do Estado de Direito.”

Afinal, onde estavam Rodrigo Maia, o Centrão que ele representa, e outros pretensos defensores do “Estado de Direito” nos últimos meses? Aprovando o Teto dos Gastos Públicos, as reformas Trabalhista e Previdenciária e outras medidas profundamente antidemocráticas.

Definitivamente, Marcos Nobre não sofre da doença da preguiça política. Seu mal é olhar para cima, não para baixo.

Leia também: Qual democracia devemos defender contra Bolsonaro

2 comentários:

  1. Perfeito, camarada. Isso serve para refletirmos sobre a equivocada força lançada sobre os processos eleitorais em detrimento da organização das bases para lutar contra os ataques citados. Socialismo contra a barbárie!!

    ResponderExcluir