Em seu livro “Labirintos do Fascismo”, João Bernardo argumenta que esse erro teria aberto uma brecha política que foi aproveitada por forças de direita para iniciar um processo que viria a desembocar no fascismo.
Afinal, se há povos reacionários, como eslavos e turcos, seria justo que fossem atropelados pela vanguarda revolucionária da civilização. Que alguém tirasse conclusões racistas disso não deveria surpreender.
Mas em defesa de Marx e Engels, é importante considerar que as evidências documentais utilizadas por Bernardo saíram principalmente de suas correspondências. Em suas obras de maior fôlego, aqueles raciocínios estapafúrdios praticamente não aparecem.
Além disso, já no fim da vida, Marx começou a manter contato frequente com os revolucionários russos, fazendo questão de aprender seu idioma. Mais do que isso, ele chegou a admitir um caminho russo para o socialismo, ainda que achasse que isso dependeria da vitória da revolução no Ocidente. O desprezo que a dupla nutria pelos povos eslavos parecia ter ficado no passado.
De qualquer maneira, Marx e Engels tiveram sorte de não viverem para ver o surgimento do fascismo entre os trabalhadores ser facilitado por algumas de suas teses infelizes. Assim como foi pena não terem visto os eslavos abrirem uma ruptura histórica sem precedentes em 1917. E tampouco tiveram o desgosto de testemunhar sua Alemanha, que consideravam um berço de revolucionários, enviando tropas para esmagar a vitoriosa revolução socialista russa.
Pois é, até grandes revolucionários podem fazer merda.
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Pois é, e a gente precisa reconhecer
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