Doses maiores

22 de novembro de 2022

Ajuda-nos a te ajudar

“Temos que incluir o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda”, declarou Lula em entrevista à CBN, em agosto de 2021.

Sintético, claro e inteligente como costuma ser, Lula estava se referindo a dois elementos fundamentais para começar a pensar em distribuição de renda em um país tão injusto como o nosso.

Primeiro, criar ou ampliar o lugar dos programas e direitos sociais nos orçamentos públicos. Segundo, cobrar menos impostos sobre o consumo e priorizar taxação pesada sobre grandes patrimônios e fortunas. 

Mais do que isso, é preciso cobrar impostos sobre lucros e dividendos. Desde 1995, o Brasil é um dos únicos países do mundo a isentar de tributação esse tipo de ganhos, beneficiando uma minoria de magnatas.

Durante a campanha eleitoral, Lula também reafirmou que despesas com saúde e educação não são gastos, mas investimentos. Era um recado para os defensores do teto de gastos aprovado durante o governo golpista de Michel Temer. 

Essa medida provavelmente coloca o Brasil como o único país do mundo a constitucionalizar uma política fiscal. Um absurdo criado apenas para garantir o enorme fluxo de recursos públicos para o pagamento da dívida pública, cujos títulos estão em poder do grande capital nacional e estrangeiro. 

Mas para além de esperar que Lula consiga fazer valer suas próprias palavras, seria importante avançar algumas propostas. Que tal tirar da Constituição o teto de gastos e colocar nela o Bolsa-Família, por exemplo? 

Nós, aqui do lado de fora, temos a obrigação de ajudar. Mas, como fazem os melhores cristãos, também somos obrigados a dizer: ajuda-nos a te ajudar, Lula.

Leia também: Preparando a cama para Lula

4 comentários:

  1. Boa mesmo a frase inicial do Lula citada aqui. Pelo que entendo é objetivo do Lula colocar o Bolsa Família na Constituição, quando diz que ele não deveria ser permanente. E também que o Congresso não está aceitando. Gostei do último parágrafo, só não sei se o Lula quer a nossa ajuda.

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    1. Começando pelo final, também não sei se ele quer ajuda que não seja pelos canais oficiais. Mas o que poderíamos fazer não é por esse caminho. Quanto ao Bolsa-Famíia, a constitucionalização seria exatamente para tornar o programa permanente, como uma espécie de renda universal garantida. A ideia seria combater a presença do ajuste fiscal na Constituição, ao mesmo tempo em que faríamos uma grande campanha pela constitucionalização do Bolsa-Família. E tem que ser pra logo, seja pela urgência social, seja pela momento político. Acho que tirando o núcleo louco dos bolsonaristas, o restante deles não teria muita coragem e argumentos para ser contra. Abraço

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  2. O Sistema Financeiro Internacional está de olho no governo Lula (botaram o IIan Goldfajn, judeu e brasileiro, no BID).
    Vamos elaborar uma pauta de lutas pra nossa defesa:
    1 ensinar os mecanismos da divida pública;
    2 cobrar a promessa de Lula de nao taxar o Pix;
    3 botar imposto nas aplicações financeiras (dividendos, etc);
    4 defender E IMPLANTAR a CPMF (ela é insignificante para o pobre que nem tem banco e terrível para o rico que lava dinheiro e mais terrível ainda pros bancos que terao suas contas devassadas, sem falar nos corruptos que podem ser rastreados) por isso, eles nao querem mais e inventam um monte de desculpa.
    A CPMF é uma boa opção para o controle da corrupção política e da lavagem de dinheiro das drogas (que, afinal, é só um apêndice da corrupção política). Ja imaginou as finanças dos ministros do STF poderem ser vigiados? Suas bancas paralelas? Isso, obviamente, nao resolve nada. So a revolução resolve, claro. Mas estaríamos criando confusão. E como diz o Rui Pimenta: confusão é sempre bom... (rsrsrs). Att Jorge

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    1. É, pode ser. Mas não sabia que o Lula tinha falado em taxar ou não o pix.

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