Entre 1908 e 1910 o político e pensador nacionalista Enrico Corradini começou a apresentar a Itália como uma “nação proletária”. Tratava-se de transformar a luta de classes numa luta entre nações.
“Há nações que estão numa situação de inferioridade relativamente a outras, tal como há classes que estão numa situação de inferioridade relativamente a outras classes”, escreveu Corradini em outubro de 1910.
Nos anos que precederam a Primeira Guerra, Corradini esforçou-se por consolidar uma aliança entre nacionalistas radicais e sindicalistas revolucionários, que transportasse a luta da classe trabalhadora do interior da Itália para o exterior, convertendo uma nação proletária numa nação imperial.
O génio de Corradini consistiu em renovar a direita politicamente, usando para isto o proletariado. Residiu aqui a substância mesma do fascismo. Era o socialismo, mas um socialismo encerrado na nação logo transformou-se no nacional-socialismo. Assim começou a maior tragédia do século passado. Se Mussolini levou o fascismo para as massas, Corradini forneceu a formulação teórica que nortearia a fundação do Partido Nacional Fascista, em 1923. Mussolini não inovou nada; realizou.
O relato acima é do livro “Labirintos do Fascismo”, de João Bernardo. Segundo ele, uma das raízes dessa enorme confusão teórica está na própria obra de Marx e Engels. Afinal, diz o autor, foram eles que cometeram o terrível erro de separar nações e povos entre reacionários e revolucionários em muitos de seus escritos. Equívoco que seria mantido pela 2ª Internacional, quando sua ala alemã considerou a entrada de seu país na Primeira Guerra como uma intervenção modernizadora contra o atraso das colônias. Outro enorme disparate.
Concluiremos na próxima pílula.
Leia também: Um grande equívoco de Marx e Engels
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