Doses maiores

16 de novembro de 2022

O partido das Panteras Negras

Uma busca na internete por imagens com as palavras “Partido Pantera Negra” mostrará homens pretos, usando jaquetas de couro e boina, em posição militar e portando armas. Mas essas imagens estão longe de mostrar toda a verdade. 

Acaba de ser lançado nos Estados Unidos o livro “Comrade Sisters - Women of the Black Panther Party”, que pode ser traduzido como “Camaradas Irmãs - Mulheres do Partido Panteras Negras”. A edição conta com um prefácio da grande ativista e teórica antirracista e anticapitalista Ângela Davis. Melhor apresentação, impossível.

A obra mostra como seis em cada dez integrantes daquela importante organização política eram mulheres. Muitas delas eram responsáveis pela elaboração dos jornais e boletins do partido. Também estavam nas manifestações e lutas contra o racismo e o capitalismo. Mas sua presença era ainda mais majoritária na luta por melhores condições de saúde, educação, alimentação e, principalmente, justiça social para o povo preto e pobre. Apesar da enorme importância simbólica e política das armas em punho, era essa atividade comunitária que garantia ao partido o indispensável apoio social diante de um aparelho repressivo disposto a tudo para esmagá-lo.

O livro traz fotos de Stephen Shames, feitas quando ele tinha 20 anos de idade e estudava em Berkeley, nos anos 1970. A parte escrita é de Ericka Huggins, uma das primeiras integrantes do Partido, ao lado de Bobby Seale e Huey Newton. Encarcerada por 15 anos, Ericka jamais abandonou a luta e ainda tornou-se mestra em Sociologia pela Universidade do Estado da Califórnia.

A luta antirracista, ou melhor, a luta antifascista deve muito a essas mulheres. 

Leia também: Panteras Negras: armados contra o racismo policial

2 comentários:

  1. Conheço pouco do assunto, mas o que conheço se deve aos seus líderes masculinos, o que me leva a crer que elas eram maioria, mas não protagonistas, o que infelizmente sempre acontece em relação as mulheres.

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    1. Mais ou menos. Podiam ser as protagonistas na ação concreta, não na imagem abstrata.

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