“Escavação no DOI-Codi acha inscrições nas paredes, objetos antigos e vestígios de sangue”, diz título de matéria publicada na Folha em 13/08/2023. O material foi encontrado durante escavações iniciadas em agosto e organizadas por arqueólogos reunidos em projeto envolvendo Unifesp, Unicamp e UFMG.
“Além de solas de sapato, botões, vidros e papéis de bala, foi encontrado material biológico que pode ser sangue no chão de algumas salas do prédio”, explica a reportagem.
O lugar ficou tragicamente famoso pelos inúmeros casos de tortura cometidos em suas dependências durante a ditadura militar. As vítimas eram homens, mulheres e até crianças, considerados terroristas por lutarem por democracia.
Como parte da iniciativa foram recolhidos depoimentos de sobreviventes daquele terrível período. Um deles foi Emílio Ivo Ulrich, segundo o qual, a tortura que sofreu “nunca teve fim”.
A atividade faz parte da arqueologia forense, voltada para o levantamento de elementos em investigações criminais. Mas há uma área de estudos chamada Arqueologia do Passado Contemporâneo, que se concentra em momentos mais recentes, aplicando suas técnicas ao período que abrange os séculos 20 e 21.
Uma dos mais respeitados estudiosos dessa área é Alfredo González-Ruibal, arqueólogo espanhol. Um de seus livros é “Uma arqueologia da era contemporânea”, ainda sem edição brasileira. Nele, Gonzalez-Ruibal afirma que:
...os séculos 20 e 21, caracterizados por uma forma de modernidade excessiva e altamente destrutiva, são únicos na história da humanidade e essa singularidade deve ser concretizada em termos materiais.
De acordo com o arqueólogo, muitas vezes suas pesquisas transformam-se numa “viagem ao lado escuro do mundo contemporâneo”. Em nosso caso, as trevas nunca tiveram fim.
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Sergio, vestígios de sangue, isso é eufemismo, aquilo era um mar de sangue. Imagina o que foi aquele subterrâneo do crime.
ResponderExcluir50 anos depois, só sobrou vestígio, mesmo. E exatamente porque era muito sangue
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