Doses maiores

11 de agosto de 2023

Inteligência artificial: o mundo ao deus-dará

"Oppenheimer virou símbolo contra inteligência artificial". Com este título Martim Vasques da Cunha publicou interessante artigo na Folha, em 22/07/2023. Ele mostra como o paralelo entre aquele que é considerado o pai da bomba atômica e os criadores da inteligência artificial foi traçado por estes últimos com intenções escusas.

É o caso de Sam Altman, um dos responsáveis pela OpenAI. Segundo ele, a criação da bomba atômica mostrou que o avanço da tecnologia é inevitável.

O que Altman e outros da área não dizem é que Oppenheimer defendeu a transparência e o compartilhamento do conhecimento sobre a fissão nuclear. O objetivo era impedir que uma nação ou um bloco delas ficassem tão à frente no domínio da nova tecnologia que se sentiriam seguros para atacar sem temer retaliações.

Ora, diz Cunha, “isso é o exato oposto do que nossos cientistas e intelectuais querem fazer com a inteligência artificial”. Lembrando a proposta de moratória do desenvolvimento da IA que partiu dos próprios especialistas, o autor afirma que a ideia é “suspender tudo, somente para manter o avanço tecnológico em segredo e deixar a sociedade civil no escuro”.

Oppenheimer temia que o “controle do apocalipse” ficasse nas mãos dos políticos e militares. Já a meia dúzia de desenvolvedores da inteligência artificial não presta contas a ninguém. Tornaram-se imensos monopólios graças a dinheiro público e à destruição de empregos, ocupações e negócios em vários setores da economia. De jornalistas e publicitários aos pequenos varejistas e prestadores de serviços. Mas, como diz Cunha, “querem desviar este novo tipo de conhecimento apenas para si mesmos e abandonar o mundo ao deus-dará”.    

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