Os egípcios foram às urnas em
14/01. Votaram em um plebiscito sobre uma nova Constituição. Na verdade, dizem
os especialistas, trata-se de um referendo em relação ao atual governo chefiado
pelo general Abdel Fatah al-Sisi. O que representaria a muito provável vitória
do general?
Em primeiro lugar, uma
vitória de golpistas a serviço de interesses poderosos. Mas outras respostas
deveriam respeitar um princípio importante. Sisi não representa uma alternativa
laica e ocidental, obrigado a fazer uso de autoritarismo contra o fanatismo islâmico.
Ele mesmo é muçulmano.
Mais de 80% dos egípcios professam
a fé islâmica. Ninguém foi às urnas votar a favor ou contra sua religião. A questão
é política. Que relação a fé islâmica deve estabelecer com o Estado e a sociedade?
Ao contrário do que parece, os
muçulmanos não têm uma única resposta para essa questão. É verdade que muitos islâmicos
defendem o Corão como base para a constituição de um país. Mas há muitos outros
que não pensam assim. Obama é tão cristão quanto os fundamentalistas do Tea
Party. Nem por isso, é possível dizer que sejam politicamente idênticos.
Os poderes ocidentais têm
procurado achatar as diferenças no interior do mundo muçulmano. Transformá-lo
numa única massa fundamentalista com tendências terroristas. Desse modo, podem continuar
impondo seus interesses políticos e econômicos com cada vez mais violência
sobre seus adeptos.
Escondido por trás da defesa
de valores laicos ocidentais também há o fanatismo mais selvagem da história
humana. Como disse o filósofo Walter Benjamin, o capitalismo é a religião que leva
“o planeta homem" a transitar pela "casa do desespero”.
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