Enquanto um massacre ocorre
nos presídios do Maranhão, a governadora do estado encomenda 80 kg de lagosta,
uma tonelada e meia de camarão e baldes de sorvete. De um lado, o banquete. De
outro, uma máquina de castigos e vingança, denunciada como desumana há 250
anos.
Foi em 1764 que o filósofo
italiano Cesare Beccaria publicou o livro “Dos delitos e das penas”. Entre
outros princípios, a obra defendia o fim da pena de morte e das penas cruéis,
presunção de inocência, individualização e proporcionalidade da pena e
recuperação do condenado.
Dois séculos e meio depois,
os princípios defendidos por Beccaria ainda não são respeitados no Brasil. E
não somente no Maranhão. As penas para quem rouba, mata ou estupra são diferentes, claro. Mas não é assim que a realidade funciona.
Um ladrão sentenciado à
prisão, por exemplo, pode sofrer tortura, estupro ou ser morto. A execução fica a
cargo de seus próprios companheiros de cela ou dos carcereiros. A mesma lógica vale
para os pobres e negros que caem nas mãos da PM sem nem mesmo terem sido
condenados. Tudo sob a supervisão criminosa de autoridades togadas,
engravatadas ou vestindo o tailleur da última moda.
Os princípios de Beccaria não
se impuseram apenas pelos valores que defendia. Sua adoção dependeu de um longo
processo histórico que tem entre seus momentos mais importantes a Revolução
Francesa. Aquela que adotou a guilhotina por ser a menos cruel das formas de
execução.
Uma das primeiras vítimas da
guilhotina foi Maria Antonieta, rainha que recomendou ao povo que comesse
brioches na falta de pão. Roseana Sarney prefere lagostas.
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A paz dos campos de concentração
e dos cemitérios
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