Doses maiores

8 de janeiro de 2014

Um Marx selvagem e uma esquerda domesticada

O livro “Marx Selvagem” é leitura obrigatória. A obra Jean Tible mostra como Marx e Engels buscaram se afastar da visão eurocêntrica que marcou muitos momentos de sua elaboração teórica. Principalmente, ao tomarem contato com experiências sociais como a Confederação dos Iroqueses e a comuna rural russa.

Através da observação desse tipo de sociedade, os fundadores do marxismo não apenas passaram a respeitar a lógica social de povos não europeus. Também se tornaram ainda mais convictos de que é preciso lutar pela abolição do Estado. Afinal, sociedades sem poder político centralizado num aparelho de dominação se mostram não apenas viáveis, como necessárias.

Além disso, o livro mostra que as correções de rumo que os fundadores do marxismo buscaram fazer em sua obra tinham como bússola as lutas populares. Era a serviço destas que estava sua produção teórica. Nada que envolvesse a emancipação humana podia lhes ser estranho.

No prefácio, Michael Lowy faz um importante destaque: “As comunidades indígenas no Brasil e na América Latina se encontram na primeira linha da luta em defesa da Natureza”.

A ironia é que Tible é um respeitado militante do Partido dos Trabalhadores. E o governo petista foi descrito por Dom Erwin, presidente do Conselho Indigenista Missionário, como “anti-indígena, omisso e negligente”. Afirmação inegável diante das alianças prioritárias que Lula e Dilma estabeleceram com o agronegócio, empreiteiras e mineradoras.

Tible certamente não tem responsabilidade direta em relação a essa lamentável situação. É outro exemplo da esquizofrenia vivida pelo PT. Um partido que ainda conta com bons lutadores, mas que foi domesticado pelos de cima para barbarizar os de baixo.

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