Doses maiores

14 de janeiro de 2014

Os rolezinhos contra a democracia racionada

O Shopping Center JK Iguatemi esclarece que obteve liminar no sentido de proibir a realização do movimento ROLEZAUM NO SHOPPIM nos limites do empreendimento, quer em sua parte interna ou externa, sob pena de incorrer cada manifestante identificado na multa de R$ 10 mil por dia.

O texto acima é de um cartaz afixado na entrada de um dos mais luxuosos centros de compras de São Paulo. O tal “Rolezaum” é mais um dos “rolezinhos” que vêm acontecendo desde o final de 2013. São grandes turmas de jovens da periferia que combinam visitar os shoppings ao mesmo tempo.

Esse tipo de evento costuma receber o nome de “flash mob” quando promovido por garotos ricos. Mas organizados por jovens pobres e negros, são tratados como baderna. São violentamente reprimidos pela PM e cerceados por medidas judiciais, como no caso do Iguatemi. Os jovens, por sua vez, começam a considerar os “rolezinhos” uma forma de defender seu legítimo direito de ir e vir.

De fato, a chamada Lei de Economia Popular diz que é vedado ao comerciante “favorecer ou preferir comprador ou freguês em detrimento de outro”. Mas uma sociedade desigual não aplica leis ou garante a ordem para todos igualmente. Nem o sagrado direito capitalista de consumir é capaz de superar o preconceito social e o racismo.

Trata-se de mais uma amostra da “democracia racionada” que vem marcando a história brasileira. Para poucos e para os de cima. Também podem ser as primeiras marolas que antecipam novas e maiores ondas de indignação.

Pelo jeito, os donos do poder não aprenderam nada com as manifestações de junho.

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