Doses maiores

27 de janeiro de 2014

As origens igualitárias da fé muçulmana

Quando Maomé começou a defender uma nova fé incomodou os poderosos da época. Não porque ele afirmasse que há somente um deus. Judeus e cristãos já defendiam o monoteísmo muito tempo antes.

Segundo o livro “No god but God”, de Reza Aslan, a hostilidade a Maomé surgiu de sua defesa da antiga ética tribal, que era igualitarista e recomendava cuidados especiais em relação aos mais fracos e incapazes.

Estes princípios teriam sido abandonados durante o domínio dos coraixitas. Esta tribo dominava Meca, que já era um centro religioso do mundo árabe muito antes do islamismo. Seus membros se enriqueceram e acumularam poder explorando a fé popular.

Perseguidos pelos coraixitas, Maomé e seus seguidores abandonaram Meca. Criaram a cidade de Medina, onde organizaram uma federação de aldeias. O evento foi tão marcante que é considerado o Ano 1 do calendário islâmico.

Um dos princípios da nova comunidade era a igualdade de todos, independentemente de suas posses materiais. Um imposto foi criado e sua arrecadação destinada aos mais pobres. 

O Corão justifica esse tributo dizendo que verdadeiramente virtuoso é aquele que “distribuiu seus bens em caridade por amor a Deus, entre parentes, órfãos, necessitados, viajantes, mendigos e para a libertação dos escravos”.

Com a crescente institucionalização da fé muçulmana tais princípios foram abandonados. Surgiram interpretações autoritárias do Corão para justificar a existência e aceitação de uma elite sacerdotal.

Mas as origens igualitárias do islamismo continuam presentes na militância de seus adeptos de esquerda no mundo todo. Desmentem os que tentam mostrar a fé de 1,5 bilhão de pessoas como um único credo fanático, intolerante, autoritário e injusto.

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