Enganam-se aqueles que
nos acusam de dizer que a Rússia está madura para o socialismo, costumava afirmar
Lênin. Segundo ele, ninguém jamais, partido ou indivíduo, teve intenção de
introduzir o socialismo “por decreto” na Rússia.
Este posicionamento
está em “Reconstruindo Lênin”, de Tamás Krausz. Segundo Krausz, Lênin não
previu um final completo e imediato das relações de mercado. Para o líder bolchevique,
seria preciso “aguardar o tempo necessário para convencer o povo e aprofundar
sua consciência”.
Em seus primeiros meses,
o poder soviético limitou-se a adotar medidas “perfeitamente maduras, técnicas
e culturais, para trazer alívio imediato aos pobres e diminuir as trágicas
consequências da guerra", dizia Lênin.
Em abril de 1918,
Lênin publicou “As tarefas imediatas governo soviético”. A situação era tão caótica
que o artigo defendia a contratação de especialistas do antigo regime, pagando-lhes
altas remunerações.
Uma medida necessária,
dizia ele, apesar de tornar inevitável a “influência corruptora dos altos
salários”, tanto sobre a massa dos trabalhadores, como em relação às
“autoridades soviéticas”.
Especialmente, afirmava
Lênin, “porque a revolução ocorreu tão rapidamente que era impossível impedir
que um certo número de aventureiros e mafiosos ocupassem posições de
autoridade”.
Nesse momento, as
formulações de Lênin já não apresentavam a segurança do período pré-revolucionário.
Mas jamais perderam a precisão ou se deixaram cegar pela recente vitória.
A essa altura, todas
as esperanças estavam depositadas nas revoluções na Europa ocidental. Quando
elas não aconteceram, começou a surgir um terreno fértil para aqueles que Lênin
identificou como “aventureiros e mafiosos”.
Gente cuja vocação para
a corrupção e o autoritarismo, Stálin saberia utilizar na contrarrevolução que viria
a liderar.
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