Em
geral as pesquisas tratam do 1% mais rico e dos 99% da população, como se os
99% fossem pobres do mesmo modo, e não são.
Estas palavras são de
Tereza Campello, coordenadora do relatório “Faces da desigualdade no Brasil. Um
olhar sobre os que ficam para trás”. Por isso, diz ela, o estudo escolheu
“abordar a situação dos 5% e dos 20% mais pobres”, concentrando-se na população
de negros do Brasil. “Eles são os últimos a receber o conjunto de bens,
serviços e direitos; são sempre deixados para trás”, afirma.
Um exemplo: em 2002, existiam 75,9
milhões de pessoas negras com acesso à energia elétrica, contra 91 milhões de
brancos, só que a população de pretos e pardos é maior do que a população de
brancos. Esse número aumentou de 75,9 milhões para 109 milhões, ou seja,
aproximadamente mais 30 milhões de pessoas negras passaram a ter energia
elétrica.
Mais dados: em 2002,
entre os negros havia somente 5,7 milhões de chefes de família que tinham
ensino fundamental completo. Em 2015, passaram a ser 17 milhões. No mesmo
período, quase 40 milhões de negros passaram a ter acesso à água de qualidade
no Brasil.
Na entrevista em que aparecem essas informações, Tereza cita muitos outras. A pesquisadora não
esconde que utiliza os dados para defender os governos petistas. Nem deveria. Eles
estão aí e explicam boa parte da grande aprovação popular a Lula.
Esses números não
tornam obrigatório apoiar o projeto petista. Nem deslegitima quem, muito
corretamente, o combate pela esquerda. Mas nos obriga a atentar para eles, sob
pena de não entendermos nada.
Leia também: Uma distribuição de renda que interessa aos ricos
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