Doses maiores

20 de dezembro de 2017

Para entender o apoio popular a Lula

Em geral as pesquisas tratam do 1% mais rico e dos 99% da população, como se os 99% fossem pobres do mesmo modo, e não são.

Estas palavras são de Tereza Campello, coordenadora do relatório “Faces da desigualdade no Brasil. Um olhar sobre os que ficam para trás”. Por isso, diz ela, o estudo escolheu “abordar a situação dos 5% e dos 20% mais pobres”, concentrando-se na população de negros do Brasil. “Eles são os últimos a receber o conjunto de bens, serviços e direitos; são sempre deixados para trás”, afirma. 

Um exemplo: em 2002, existiam 75,9 milhões de pessoas negras com acesso à energia elétrica, contra 91 milhões de brancos, só que a população de pretos e pardos é maior do que a população de brancos. Esse número aumentou de 75,9 milhões para 109 milhões, ou seja, aproximadamente mais 30 milhões de pessoas negras passaram a ter energia elétrica.

Mais dados: em 2002, entre os negros havia somente 5,7 milhões de chefes de família que tinham ensino fundamental completo. Em 2015, passaram a ser 17 milhões. No mesmo período, quase 40 milhões de negros passaram a ter acesso à água de qualidade no Brasil.

Na entrevista em que aparecem essas informações, Tereza cita muitos outras. A pesquisadora não esconde que utiliza os dados para defender os governos petistas. Nem deveria. Eles estão aí e explicam boa parte da grande aprovação popular a Lula.

Esses números não tornam obrigatório apoiar o projeto petista. Nem deslegitima quem, muito corretamente, o combate pela esquerda. Mas nos obriga a atentar para eles, sob pena de não entendermos nada.

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