A sensação de que a
passagem do tempo vem se acelerando nas últimas décadas parece inegável. Há vários
estudos em torno do fenômeno. No Brasil, por exemplo, há um laboratório
dedicado a ele na Universidade Federal do ABC.
Mas uma das explicações
possíveis poderia ser deduzida de uma necessidade econômica fundamental para o capital.
É a aceleração de tempo de circulação das mercadorias para a realização dos
lucros provenientes de sua comercialização.
“Grundrisse” é o nome
pelo qual são conhecidos alguns manuscritos de Marx concluídos em 1858, na condição
de rascunhos de “O Capital”. E se este já é de leitura complexa, imagine seu
esboço. Mas segue uma citação interessante:
Enquanto
o capital deve por um lado, esforçar-se por derrubar todas as barreiras espaciais
para realizar o intercâmbio (isto é, a troca), e conquistar todo o mundo como seu
mercado, esforça-se, por outro lado, em anular o espaço pelo tempo, isto é,
reduzir a um mínimo o tempo despendido no movimento de um lugar ao outro. Portanto,
quanto mais desenvolvido o capital, mais extenso o mercado pelo qual ele
circula, (...) a órbita espacial de sua circulação, mais ele se esforça simultaneamente
em direção a uma ainda maior ampliação do mercado e a uma maior anulação do espaço
pelo tempo.
Olhemos agora para a onipresença
das redes virtuais na vida atual, alimentando o consumismo e radicalizando a transformação
de informações, dados e notícias em elementos imediatamente remuneráveis. Faz muito
sentido, certo?
Mas para a maioria de
nós, o tempo que falta para perceber isso também tira o espaço para nos
livrarmos disso.
Leia também: Alguns
oásis na travessia de “O Capital”
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