No
editorial “Quem é a elite”, de 30/11, a Folha argumenta:
Um brasileiro com salário de R$
27 mil mensais possivelmente se considera de classe média, ou média
alta.
(...)
Entretanto esse funcionário
frequenta, talvez sem o saber, uma comunidade minúscula e
privilegiada no topo da pirâmide social brasileira. Conforme os
dados divulgados nesta quarta-feira (29) pelo IBGE, ele recebe o
correspondente à renda média do trabalho do 1% mais bem pago do
país.
Não
que o texto tenha
escolhido chamar esse
trabalhador bem remunerado de “funcionário”, numa referência
enviesada ao serviço
público. Ou que
o lamento sobre as “dimensões brutais da desigualdade nacional”
seja seguido pela citação de “gastos previdenciários, que
consomem a maior fatia do Orçamento federal” e a “gratuidade
constitucional do ensino superior público”.
O
que realmente deveria surpreender é que a esquerda continua a
repetir esses números escandalosos. Ou fique discutindo
classificações sociológicas rasas, como “classe média”,
“classe C”, etc.
Saber,
por exemplo, que os muito
ricos ganham 36 vezes mais
que a metade da população
diz muito pouco sobre quem podem ser nossos aliados na luta de
classes em um país tão injusto e
violento. Seriam os que
ganham apenas 3 vezes mais que a média nacional? Ou 5 vezes? A
metade? Um terço?
Indicadores
objetivos sobre as
classes
sociais são
quase inúteis se não
se relacionarem a seus elementos subjetivos. Mas
trata-se de um nível de
compreensão
da realidade que nenhum recurso econômico ou
científico pode alcançar.
Dar
conta desse desafio exige outros
instrumentos.
Pouco dispendiosos,
bastante acurados,
porém muito trabalhosos.
Envolvem o que costuma
chamar-se
trabalho de base.
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