Em
seu artigo “A Revolução Russa”, Rosa Luxemburgo faz críticas
firmes, ainda que fraternas, a algumas das primeiras medidas tomadas
pelo governo bolchevique.
Mas
outro alvo importante do texto são as direções do Partido
Comunista alemão. Elas não apenas deixaram de fazer a revolução
em seu país como condenaram a Revolução Russa por sua
“imaturidade”. Para esses reformistas, era preciso esperar,
primeiro, a conquista da maioria do povo para, depois, tomar o poder.
A
isto, Rosa responde:
Os
bolcheviques resolveram assim a célebre questão da “maioria do
povo”, pesadelo que sempre oprimiu os socialdemocratas alemães.
Pupilos incorrigíveis do cretinismo parlamentar simplesmente
transpõem para a revolução a sabedoria caseira do jardim de
infância parlamentar: para fazer alguma coisa, é preciso ter antes
a maioria. Portanto, o mesmo para a revolução: conquistemos
primeiro a “maioria”. Mas a dialética real das revoluções
inverte esta sabedoria de toupeira parlamentar: o caminho não conduz
da maioria à tática revolucionária, ele leva à maioria pela
tática revolucionária. Apenas um partido que saiba dirigir, isto é,
fazer avançar, ganha seus seguidores na tempestade. A resolução
com que Lênin e seus companheiros lançaram no momento decisivo a
única palavra de ordem mobilizadora – todo o poder ao proletariado
e campesinato – fez, praticamente de um dia para o outro, de uma
minoria perseguida, caluniada, “ilegal”, cujos dirigentes (...)
precisavam esconder-se nos porões, a dona absoluta da situação.
Não
se trata de acreditar na clarividência de vanguardas. A “resolução
de Lênin e seus companheiros” estava ancorada em muitos anos de
forte trabalho de base junto a trabalhadores e população pobre.
Não
é receita, mas fica a dica.
Leia
também: Rosa
Luxemburgo: o futuro pertence ao “bolchevismo”
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