“Capitalismo sem
capital” é o nome de um recente livro publicado pelos britânicos Jonathan
Haskel e Stian Westlake. Ainda sem edição no Brasil, a obra foi comentada por John
Harris, em artigo reproduzido pelo portal IHU-Online.
Harris cita a famosa
frase “Tudo o que é sólido desmancha no ar” para explicar o fenômeno que dá
nome ao livro. Segundo ele, a nova economia dos aplicativos seria a melhor demonstração
daquela passagem do Manifesto Comunista.
Afinal, a Airbnb não tem
imóveis, o Alibaba não tem estoque e a Uber não tem automóveis, diz o artigo. Seriam
exemplos perfeitos de capitalismo sem capital. Da crescente economia de bens intangíveis.
Mas, se realmente Haskel
e Westlake utilizam como referência Marx e Engels, não entenderam nada de sua
obra.
Primeiro, quando o
Manifesto afirma que tudo que é sólido desmancha no ar, está se referindo à consolidação
do capitalismo, não a seu desaparecimento. Airbnb, Alibaba e Uber são radicalizações
dessa tendência, não sua negação.
Em segundo lugar, em “O Capital”, Marx deixou claro: “O capital
não é uma coisa, mas uma relação social”.
A mercadoria mais valiosa
na produção capitalista é a força-de-trabalho. Integrada à massa de forças-de-trabalho
do conjunto dos trabalhadores, ela torna-se o mais intangível dos bens.
É exatamente esta intangibilidade
da força-de-trabalho que permite esconder sua exploração como fundamento maior da
sociedade atual.
Na verdade, a única coisa
realmente sólida no capitalismo tem sido a exploração de uma maioria que só aumenta
por uma minoria cada vez menor.
Mas Harris tem razão numa
coisa. A atual fase do capitalismo “provavelmente
disseminará incerteza e agitação como nunca”.
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