Ele é o livro de cabeceira da família Bolsonaro. A bíblia dos saudosos das torturas e mortes da ditadura de 64. O best-seller das bestas-feras da extrema direita nacional. Trata-se do “Orvil”.
O título é “livro” ao contrário. A publicação pretendia ser o espelho do livro “Brasil: Nunca Mais”, lançado em 1985.
“Brasil: Nunca Mais” (BNM) relatava as prisões, torturas e mortes causados pela ditadura de 64. Sua fonte de informações eram documentos da própria Justiça Militar. Portanto, acima de suspeitas.
Foram 707 processos examinados, a enorme maioria deles envolvendo tortura. A publicação não deixava dúvidas: as Forças Armadas adotaram a tortura como política de Estado.
Citemos as palavras de “Guerra cultural e retórica do ódio: crônicas de um Brasil pós-político”, livro de João Cezar de Castro Rocha: “Relatório-vingança, Orvil pretendia virar ‘Brasil: Nunca Mais’ de ponta-cabeça”.
“BNM reescreveu a história do passado recente, a fim de projetar um futuro político no qual a tortura seria eliminada, diz o autor. Orvil reescreveu a história do passado recente, a fim de projetar um futuro político no qual a esquerda seria eliminada”, afirma.
“Orvil” foi concluído em 1987, mas publicado só em 2012. Enquanto isso, circulou ampla e discretamente entre a extrema-direita nacional. Nesse intervalo, já havia feito muito estrago.
Enquanto o governo do país ainda era ocupado por um moderadíssimo partido de esquerda, os ovos das serpentes do fascismo começaram a eclodir. E os filhotes recém-nascidos foram alfabetizados com essa cartilha tétrica, cuja única lição, repetida à exaustão, era a aniquilação do “inimigo vermelho” a qualquer custo.
Na próxima pílula, mais sobre esse livro muito vil.
Leia também: Uma etnografia dos delírios do fascismo nacional
Ah parece ser uma boa sequência de Pílulas. Já tinha só ouvido falar nesse Livro invertido (lembrei que os reacionários costumavam chamar os homoafetivos de invertidos). Bom o último parágrafo. No aguardo de mais. Bjs.
ResponderExcluirValeu! Beijos
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