Doses maiores

5 de fevereiro de 2021

O Orvil e a justiça seletiva

Continuamos com a desagradável tarefa de comentar o “Orvil”, o “best-seller” das bestas-feras saudosas da ditadura de 64. Sempre com a ajuda do livro “Guerra cultural e retórica do ódio”, de João Cezar de Castro Rocha.

“Marxismo cultural” é o nome que Olavo de Carvalho dá a um pretenso plano dos comunistas para tomar o poder no Brasil e no mundo. Mas a estrutura básica dessa noção delirante já se encontrava no Orvil com o nome de “guerra cultural”.

Segundo essa mentalidade, os comunistas têm como missão prioritária tanto destruir instituições “aparelhadas” quanto corroer por dentro as estruturas do Estado democrático.

A estrutura mental de bolsonaristas e olavistas, ou melhor do “bolsolavismo”, gira em torno desse único objetivo. Aniquilar esse imaginário inimigo onipresente e incansável.

Mas a verdade é que foi essa fantasia maluca que se infiltrou nas instituições, não o comunismo. Por exemplo, no Judiciário. Só que nesse caso, trocou-se “ameaça vermelha” por “corrupção sistêmica”. Esta, por sua vez, tornou-se monopólio, adivinhem de quem? Da esquerda. Especificamente, do petismo, que seria o novo “comunismo”.

Daí, a punição à corrupção ter atingido apenas uma pequena parte do sistema. O restante continua funcionando normal e tranquilamente à base de caixa 2, propinas, laranjas, rachadinhas, lavagem de dinheiro, etc.

No topo de todo esse esquema, os atuais ocupantes do Palácio do Planalto. Mas eles podem. Afinal, são os maiores combatentes na “guerra santa” em defesa da nacionalidade brasileira, da família tradicional, da fé cristã contra o perigo vermelho.

Na próxima pílula, alguns exemplos que seriam cômicos, não fossem trágicos, da produção “cultural” inspirada por toda essa insensatez perigosa.

Leia também: Orvil, manual de necropolítica

2 comentários:

  1. Achei sua hipótese bem bacana. Faz muito sentido, infelizmente.

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    1. Na verdade, é a hipótese do autor do livro. Mas concordo com ela e também acho que só temos a lamentar com tudo isso.


      Abraço

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