Em 1949, quando as forças do Partido Comunista Chinês se aproximaram das grandes cidades da China, uma proclamação assinada por Mao Tsé-Tung determinava:
Os operários e demais trabalhadores devem continuar trabalhando e os negócios funcionando normalmente. Os funcionários públicos e a polícia devem permanecer em seus postos e obedecer as ordens do Exército de Libertação do Povo e do Governo Popular.
Que estranha revolução essa, que aconteceu com todas as atividades urbanas funcionando normalmente?
No entanto, uma transformação radical tinha acontecido. A China foi unificada. As potências imperialistas, expulsas. A propriedade latifundiária, extinta. Todas as tarefas essenciais de uma revolução burguesa foram realizadas, exceto a conquista de liberdade política para os trabalhadores. Mas quem fez essa revolução com características tão burguesas não foi a burguesia.
Até aí, tudo bem. Se a burguesia não faz, ela mesma, sua revolução, é a classe trabalhadora que deve fazê-la e avançar para as transformações socialistas, logo a seguir. É isso o que prevê a teoria da revolução permanente elaborada por Trotsky e que guiou os bolcheviques na fase derradeira da Revolução de 1917.
Mas no caso chinês, foi o campesinato sob a direção de quadros intelectuais de classe média, como Mao e outros militantes partidários, que fizeram a revolução. Não o proletariado industrial. Como explicar esse fenômeno sem desautorizar a teoria ortodoxa da revolução marxista?
Uma das teorias para explicar essa situação sem romper com a tradição marxista é a da revolução permanente desviada, do marxista inglês Tony Cliff. Será com base nela que tentaremos iluminar brevemente as contradições da Revolução Chinesa nas próximas pílulas.
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