Um pouco sobre o pensamento do grande líder da Revolução Chinesa. Em seu livro “O Mandato do Céu”, Nigel Harris destaca a seguinte observação feita por Mao Tsé-Tung, em 1963: “Há dez anos não temos luta de classes. Tivemos em 1952 e em 1957, mas ocorreram apenas nos órgãos administrativos e nas escolas”.
Ou seja, diz Harris, a luta de classes seria uma atividade, tal como a política, a ciência, as artes... Sendo assim, pode e deve ser controlada e pacificada. Agindo como um legislador, Mao determinava o que deveria ser feito quanto às contradições de classe. Por exemplo:
A contradição entre explorador e explorado, que existe entre a burguesia nacional e a classe trabalhadora, é antagônica. Mas, nas condições concretas que existem hoje na China, tal contradição antagônica, se bem tratada, pode ser transformada em não antagônica e resolvida de forma pacífica.
“Onde as classes existem sem luta de classes e a luta de classes sem classes, tudo, mesmo as contradições, são negociáveis. Tornam-se uma questão de relações públicas bem administradas”, ironiza Harris.
A simplicidade das ideias de Mao a respeito da concepção de comunismo “é encantadora”, diz o autor. Certa vez, o líder chinês teria afirmado:
A classe feudal teve uma doutrina feudal, a burguesia uma doutrina capitalista, o budismo é budista, o cristianismo é cristão (...) por que então o proletariado não pode ter o seu comunismo?
Não à toa, a grande potência em que se transformou a China adotou a “harmonia” como seu principal valor. Mesmo que continue a sustentar o capitalismo mundial, um sistema que produz desequilíbrios descomunais em série.
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