No prefácio de seu livro “A Revolução de 1905”, Trotsky diz que sua teoria da revolução permanente:
...pretende indicar que a revolução russa, embora diretamente relacionada com propósitos burgueses, não podia deter-se em tais objetivos: a revolução não resolveria suas tarefas burguesas imediatas sem o acesso do proletariado ao poder, e o proletariado, uma vez que tivesse o poder em suas mãos, não poderia permanecer confinado dentro do modelo burguês da revolução.
O proletariado teria que dar conta das tarefas democráticas enquanto avançava rumo aos objetivos socialistas, se não quisesse ser derrotado em ambas as frentes.
Mas se do ponto de vista marxista, uma revolução burguesa pode ocorrer sem uma vanguarda da burguesia, uma revolução socialista jamais aconteceria sem uma vanguarda operária. No entanto, quando assumiu o poder, o Partido Comunista Chinês (PCC) não tinha praticamente nenhum operário industrial entre seus filiados, sendo os camponeses maioria esmagadora.
A Revolução Chinesa teria sido, então, obra de uma vanguarda formada por camponeses? Poderia ser, desde que não fosse caracterizada como uma revolução socialista. Os interesses de classe dos camponeses podem levá-los a lutar pela democratização da propriedade dos meios de produção, jamais por sua socialização.
Basicamente, o PCC era um exército de camponeses dirigido por intelectuais das camadas sociais intermediárias. É por isso que jamais evoluiu da estatização dos meios de produção para sua socialização.
Para tentar dar conta dessa situação, o marxista inglês Tony Cliff propôs a teoria da revolução permanente desviada. Uma variação da formulação de Trotsky, para explicar também revoluções como a cubana e a vietnamita.
Mais detalhes na próxima e derradeira pílula desta série.
Leia também: A Revolução Chinesa e os desvios da revolução permanente
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