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7 de julho de 2021

O PC chinês rumo ao poder, cada vez menos comunista

O processo revolucionário chinês teve início no final dos anos 30. Nesse período, o stalinismo já dominava o comunismo internacional.

Para Stalin, a revolução chinesa deveria ser liderada pela burguesia. Desse modo, a aliança estratégica não seria entre operários e camponeses contra a burguesia e o imperialismo. No lugar disso, o Partido Comunista Chinês (PCC) deveria se aliar ao Kuomitang, partido nacionalista, representante dos interesses do grande capital e dos latifundiários.

Moscou orientara o PCC a limitar suas reivindicações ao que fosse aceitável para os nacionalistas. Também forneceu armamento e enviou especialistas russos para transformar o Kuomitang em um novo partido bolchevique, mas sem o programa dos bolcheviques. Ou seja, sem ameaças aos interesses do grande capital e do latifúndio.

O problema é que os comunistas nunca abandonaram as lutas contra os patrões. E o Kuomitang não podia tolerar isso. Passou a perseguir o PCC visando aniquilá-lo. Os comunistas resolveram se defender iniciando uma guerra civil, que só diminuiu de intensidade diante da invasão japonesa de 1937.

Na luta contra os japoneses, os comunistas se mostraram muito mais combativos. Mas, principalmente, ganharam enorme apoio dos camponeses porque distribuíam terras nos territórios que reconquistavam ao inimigo. Algo que o Kuomitang, composto por latifundiários e grandes empresários, jamais poderia imitar.

Era o PCC abrindo caminho rumo ao poder. A questão é que enquanto fazia isso, ia se tornando cada vez menos comunista e cada vez mais nacionalista.

O relato acima tem por base o livro “O mandato do Céu”, de Nigel Harris. Continuaremos na próxima pílula.

Leia também: China: a revolução comunista que não foi comunista

2 comentários:

  1. Apoiar a burguesia nacional foi orientação e compreensão dos PCs em geral, entendo q até mesmo alem de Stalin. Muito depois dele continuou sendo.

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    1. Sim, mas surgiu com o stalinismo. Pode até ser entendida como uma postura tática para certas situações. Lênin admitia o apoio a burguesias nacionais desde que se tratasse de uma luta anticolonial. Jamais como linha estratégica geral, como fez o stalinismo em nome da defesa de uma suposta pátria socialista.

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