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16 de julho de 2021

Revolução Chinesa e revolução permanente desviada

Após a Revolução Russa, a outra grande revolução vitoriosa ocorreria na China, em 1949. Mas, o marxista inglês Tony Cliff entendia que tanto a revolução chinesa como a cubana, mais tarde, seriam bem diferentes daquela ocorrida em 1917. E para explicar seu caráter, ele elaborou a teoria da revolução permanente desviada.

Em um artigo sobre essa formulação, o compatriota de Cliff, Duncan Hallas, explica:

...as proclamações de defesa do marxismo pelos seus dirigentes eram contraditórias com as idéias de Marx, para quem “a emancipação da classe trabalhadora será obra da própria classe trabalhadora”. Nem na China nem em Cuba os trabalhadores controlavam os meios de produção, e tampouco haviam cumprido um papel ativo, e muito menos dirigente, nos acontecimentos que haviam levado aos novos regimes.

Pelo contrário, argumentou Cliff, China e Cuba eram governados por um estrato de intelectuais com base, quando muito, no apoio passivo dos camponeses e trabalhadores. Foi esse estrato de intelectuais que assumiu o controle, e não a classe trabalhadora, como seria de se esperar segundo a teoria de Trotsky. Esse estrato foi capaz de usar a máquina estatal para nacionalizar a maior parte da economia, e lançar seus países em uma via nacional de desenvolvimento capitalista-estatal.

Acima de tudo, a teoria da revolução permanente “desviada” proporcionou - sem abandonar o espírito da contribuição pioneira de Trotsky ao marxismo - um modo de compreender o sucesso das revoluções chinesa e cubana, e também de outros regimes capitalistas de Estado menos “puros”, em realizar algumas das tarefas da revolução burguesa.

O artigo de Cliff sobre sua teoria está disponível aqui, em tradução automática.

Leia também: China: revolução socialista sem operários?

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