Doses maiores

6 de julho de 2021

China: a revolução comunista que não foi comunista

Em 10/08/1973 o banqueiro David Rockefeller escreveu um artigo no The New York Times em que dizia:

Qualquer que tenha sido o preço da revolução chinesa, ela obviamente teve êxito, não só produzindo uma administração mais dedicada e eficiente, mas também uma moral elevada e propósitos comunitários. (...) A experiência social na China, sob a liderança de Mao, é uma das mais importantes e bem sucedidas na história humana.

Três anos depois, Mao Tsé-Tung estava morto. Seu sucessor, Deng Xiaoping, anunciou sua nova política, afirmando: “Não importa a cor do gato, desde que ele cace o rato”. A caça era o desenvolvimento acelerado das forças produtivas, a ser perseguido mesmo que fosse necessário negociar com o imperialismo.

Mas o entusiasmo de Rockefeller já mostrava que essa nova política não era tão nova assim. Mais de 50 anos depois, banqueiros e magnatas em geral têm ainda mais razões para admirar os feitos econômicos dos chineses. A diferença é que agora eles se queixam de uma suposta concorrência desleal. Do mesmo jeito que o rato se queixaria do gato.

O mistério é como uma revolução feita por comunistas fez surgir uma potência econômica que, por exemplo, viria a salvar o capitalismo após uma de suas maiores crises, aquela ocorrida em 2008.

“O Mandato do Céu”, livro de Nigel Harris, ajuda a entender esse enigma. A obra mostra como os comunistas fizeram uma revolução contra os nacionalistas, mas com objetivos nacionalistas. Enquanto isso, a União Soviética, sob Stálin, apoiava não os comunistas contra os nacionalistas, mas estes contra aqueles.

Louco, né?

Tentaremos explicar essa confusão nas próximas pílulas.

Leia também: O comunismo chinês e sua lógica útil ao capital

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