“O pensamento de Mao Tsé-Tung é um retorno às doutrinas pré-marxistas de socialismo”, diz Nigel Harris em seu livro “O Mandato do Céu”. Ideias que Marx caracterizou como "socialismo utópico" manifestaram-se amplamente na China sob o domínio do partido comunista, afirma ele.
A hostilidade às cidades, o retorno da classe trabalhadora urbana ao campo, a formação de comunidades agrário-industriais autossuficientes cuja função era impedir o fortalecimento de hierarquias, da burocracia, do trabalho especializado e garantir o desenvolvimento educacional do trabalho manual. Tais ideias eram fantasias reacionárias para Marx, já no século 19.
Somente o capital centralizado e a especialização do trabalho permitiriam a abundância que criaria condições para instaurar o socialismo. A igualdade não poderia ser baseada por muito tempo em socialização da pobreza, em ideais de abnegação ascética. Apenas o pleno desenvolvimento das forças produtivas garantiria acesso generalizado à abundância produtiva proporcionada pelo capitalismo.
A Revolução Chinesa nunca foi "traída". Os comunistas chineses da década de 1930 jamais propuseram a autoemancipação da classe trabalhadora. Mao não tinha os mesmos objetivos de Lênin. Sua meta era a libertação nacional
Na época de Mao, a distinção entre libertação nacional e luta internacionalista desapareceu. Na verdade, a primeira engoliu inteiramente a segunda. A libertação nacional foi um grande passo à frente para a China, mas seu caráter era muito diferente daquele que marcou a Revolução de 1917.
Segundo Harris, Mao se contentou com a versão do século 20 da revolução burguesa. O objetivo era liberar as forças produtivas às custas da emancipação dos trabalhadores. E é isso o que a China vem realizando, desde então.
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Vc apresenta livros necessários de referência pra pensarmos, de fato, uma nova organização de sociedade. É um exercício fundamental.
ResponderExcluirObrigado, querida companheira de luta
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