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20 de outubro de 2021

Abya Yala, socialismo comunitário global

Abya Yala era a denominação dada pelo povo kuna, originário do norte da Colômbia, para o seu território. No idioma original, o termo significa “terra madura... terra viva... terra que floresce”. 

Hoje, o nome Abya Yala abarca todo o continente e foi escolhido pelos povos originários como parte do processo de superação do isolamento político a que foram submetidos pela colonização. É uma expressão afirmativa para superar a caracterização eurocêntrica de “índios”, que ignora a identidade de centenas de povos originários.

Na Cúpula dos Povos de Abya Yala, realizada na Guatemala, em 2007, este movimento continental foi definido como:

...um espaço permanente de enlace e intercâmbio, onde convergem experiências e propostas para que juntos enfrentemos as políticas de globalização neoliberal e possamos lutar pela libertação definitiva de nossos povos irmãos, da Mãe Terra, do território, da água e de todo o patrimônio natural para viver bem.

A filosofia por trás de Abya Yala é a do socialismo comunitário, decorrente do conceito de bem-viver. Seu diferencial consiste em não centrar-se exclusivamente nos seres humanos, mas também envolver as montanhas, rios, árvores, ar, água, pedras e animais. Trata-se de uma relação respeitosa com tudo o que existe, porque tudo está conectado e todos os seres da comunidade de vida podem ser beneficiados. Não só no nível local, mas global também.

É assim que Moema Viezzer e Marcelo Grondin justificam a escolha do título de seu livro. Pretendem mostrar que o genocídio indígena não atingiu apenas pessoas e povos, mas uma concepção de mundo muito superior à barbárie capitalista, promovida para privilégio de uma minoria selvagem.

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