Cada espanhol repartidor recebia um certo número deles incluindo uma “cédula do repartimiento” que rezava desta maneira: a Vós, fulano de tal, são encomendados tantos índios para que possais servir-vos deles em vossas plantações e minas e ensinar-lhes as coisas de nossa santa fé católica a todos quantos estejam no povoado. Assim, todos: pequenos e grandes, crianças, velhos, homens e mulheres grávidas ou paridas eram condenados à absoluta servidão que, ao fim e ao cabo, os levava à morte.
Os nativos trabalhavam de 10 a 12 horas diárias, todos os dias, sem retornarem a suas casas durante meses.
Além da exaustão e morte de indígenas provocadas pelos trabalhos forçados nas minas e outros trabalhos nas fazendas e granjas dos colonizadores, Las Casas lembra a fome, doenças e epidemias, a mortalidade infantil, a exportação de escravos, as guerras e matanças, entre outras causas.
Por fim o frei relata que “entre os espanhóis houve uma determinação que se tornou para eles uma lei inviolável: para cada um dos espanhóis que os índios matassem, os cristãos tinham que matar cem índios... e tomara que não fossem mil por um!”
As informações acima estão no livro "Abya Yala!: Genocídio, resistência e sobrevivência dos povos originários do atual continente americano", de Moema Viezzer e Marcelo Grondin.
O “repartimiento” já não existe, assim como o sistema colonial, mas a lógica genocida que os orientava sofreu apenas algumas modificações. Segue vigente e fatal para muitas centenas de milhões no mundo todo.
Leia também: O genocídio indígena, precursor do terror nazista
É de arrepiar saber dessas coisas.
ResponderExcluir