Doses maiores

1 de dezembro de 2022

Austeridade fiscal e fascismo, tudo a ver

O país precisa “de um homem à frente do governo capaz de dizer não a todos os pedidos de novos gastos” e realizar “reformas ousadas” para promover “a austeridade fiscal”. 

São necessárias também uma “redução drástica dos gastos sociais” e a “demissão de funcionários públicos”. Igualmente inadiáveis são o aumento das taxas de juros e um programa de privatizações.

Ao contrário do que possa parecer, as providências acima não dizem respeito ao consenso neoliberal, foi imposto à opinião pública mundial desde os anos 1980. O tal homem capaz de promover a austeridade fiscal era Benito Mussolini e o país em questão, a Itália de 1922. 

Recém-chegado ao poder, Mussolini foi saudado pelo jornal The Economist e pela revista Times.

Essas informações estão no artigo “A paixão dos liberais por Benito Mussolini”, de Clara Mattei, professora de Economia da Nova Escola de Pesquisa Social, de Nova Iorque. O texto mostra o quanto é falsa a oposição entre liberalismo e fascismo.

Clara é autora do livro “A ordem do capital: como os economistas inventaram a austeridade e abriram caminho para o fascismo”, ainda sem tradução do inglês. O título da obra recém-lançada diz tudo. 

Austeridade fiscal e fascismo têm tudo a ver. Um se alimenta do outro, há muitas décadas. Os desastres econômicos causados pela austeridade fiscal geram o enorme ressentimento social que alimenta os banquetes diabólicos dos fascistas.

Apesar disso tudo e após derrotarmos um governo fedendo a fascismo por todos os poros, os neoliberais cercam o candidato vencedor com propostas de... Adivinhem! Mais austeridade fiscal! O fascismo agradece, mantendo-se otimista quanto a um retorno em breve.

Leia também: O tamanho da encrenca

Nenhum comentário:

Postar um comentário