Doses maiores

14 de dezembro de 2022

O quebra-cabeça e as cabeças quebradas

São muitas as peças a serem encaixadas. Ministérios disfuncionais, decretos absurdos, políticas públicas destruídas, órgãos inteiros abandonados, servidores perseguidos, números sem lógica.

No Congresso Nacional, o apoio a um governo de frente ampla exige alianças das mais razoáveis às mais temíveis. O espaço para traições e sabotagens é enorme. Fora dos palácios, a grande mídia faz de tudo para enquadrar o novo governo em sua agenda neoliberal e antipopular.

Mas algumas peças desse complicado quebra-cabeças são muito perigosas e de ajuste quase impossível. São peças de artilharia. Uma verdadeira derrama de armamentos ocorreu entre a população desde que o governo Bolsonaro facilitou sua aquisição.

O número de licenças para armas de fogo subiu 473% de 2018 a 2022, segundo dados do Anuário de Segurança Pública divulgados em junho passado. Antes, a população civil podia adquirir até 4 armas e 100 munições para cada arma por ano. Bolsonaro baixou portarias que permitem o acesso a até 60 armas e 180 mil munições, anualmente.

Os Colecionadores, Atiradores desportivos e Caçadores possuíam cerca de 648 mil armas, em junho de 2021, enquanto as Polícias Militares totalizavam 583 mil. Até novembro de 2021 havia no país um total de 2,3 milhões de armas registradas. Trata-se de um aumento de 78% em relação a 2018, quando havia 1,3 milhão de armas contabilizadas.

Com toda a violência que marca nossa sociedade há séculos, desarmar essa bomba-relógio não será fácil. Mas ficará impossível se seu principal estopim não for desativado. É o aparato sob controle dos generais infiltrado nas instituições militares e civis.

São essas as cabeças a serem quebradas...

Leia também: E a encrenca continua enorme

2 comentários:

  1. Eu acho que a revogação é fácil, basta uma canetada. Creio que isso o Lula possa fazer sem maiores dramas, e esperar o barulho de onde vai vir, e acho difícil se sustentar. O difícil é tirar essas armas que estão em circulação.

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    1. Mas aí que tá. A prioridade agora seria atacar por cima. Neutralizar os generais golpistas. Os cabeças. Pra logo depois ir atrás da turba ignara

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