Durante a campanha eleitoral, Lula disse que o orçamento secreto tornara Bolsonaro um bobo da corte, pois transferiu ao Legislativo a prerrogativa do Executivo de gerir os gastos da União. Até o momento, as negociações do governo eleito com o Legislativo caminham para a manutenção do orçamento secreto.
O teto de gastos aprovado durante o governo golpista de Michel Temer representou a constitucionalização de uma política fiscal feita sob encomenda para os grandes capitalistas que dominam a economia nacional. A necessidade de extingui-lo deveria ser obrigatória em um governo disposto a recuperar minimamente a capacidade do estado de implantar políticas públicas capazes de diminuir a catástrofe social que se abateu sobre o país nos últimos 5 anos. Mas as negociações com o Congresso têm se limitado a discutir flexibilizações do teto, não seu fim.
Recentemente, foi anunciada a indicação de José Múcio Monteiro para o Ministério da Defesa do novo governo. O nome agrada a cúpula militar. O problema é que o indicado foi relator no processo do TCU que condenou Dilma Roussef pelas pedaladas fiscais usadas como pretexto para o golpe que a depôs. Também é alguém por quem Bolsonaro já disse publicamente ter se “apaixonado”.
Em recente encontro com Lula, representantes das centrais sindicais cobraram dele a indicação de um progressista para o Ministério da Fazenda. O presidente eleito respondeu: “O progressista do governo sou eu”.
É isso. Não se trata de um governo petista ou progressista, mas de “salvação nacional”. Resta saber se nessas condições há como salvar alguma coisa que não sejam os interesses dos mesmos poderosos que elegeram Bolsonaro em 2018.
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Tá certo
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