Doses maiores

5 de dezembro de 2022

Os algoritmos e os ovos da serpente fascista

O Facebook tem 2,96 bilhões de usuários ativos mensais. O Instagram, 1,28 bilhão. E o WhatsApp, 2 bilhões. Os três são controlados pela holding Meta, de Mark Zuckerberg, e alcançam mais da metade da população on-line do planeta.

As informações acima estão em artigo de Pedro Doria. Publicado recentemente no Globo, o texto aborda as dificuldades enfrentadas pela Meta que a levaram a demitir 13% de sua força de trabalho.

Uma semana depois, outra coluna do mesmo autor informava que “sinais vindos do Vale do Silício” apontam “para a pior crise do mundo da tecnologia desde o estouro da bolha das ponto-com em 2000”.

Referia-se a grandes demissões em empresas como Snpachat, Netflix, Twitter e Amazon. “Todas demitiram mais de 10% da tropa”, diz Doria. Mesmo quem não demitiu, como Apple e Google, pararam de contratar, complementa.

Mas para o articulista está tudo bem. Afinal, “pessoas perdem seus empregos, a economia se contrai, uma recessão está com toda a cara de que vem por aí. Quem conseguir equilibrar suas contas é quem sobreviverá”.

Exemplo perfeito de fé irresponsável nos mecanismos de correção do todo poderoso mercado. Um fanatismo que despreza não apenas os desempregados da vez, mas os desastrosos efeitos que uma nova recessão mundial pode causar.

Segundo essa lógica, trata-se apenas das periódicas crises de ajuste típicas do capitalismo. O problema é que, em geral, elas aprofundam a barbárie social e ajudam a fortalecer o conservadorismo mais extremado.

Mas nesse caso específico, os algoritmos com que lucraram várias dessas empresas também funcionaram como ninhos onde foram chocados muitos ovos de serpentes fascistas.

Leia também: A sintonia do fascismo com as dissonâncias capitalistas

2 comentários:

  1. Lua inglória, explicar aos fascistóides das redes, inconscientes até mesmo sobre o serem, os males do automatismo versus o emprego. Começam a mandar quem defende o emprego a voltar a usar carta, referem-se a fala´cias, dizem que os datilógrafos, por exemplo, foram acolhidos pela informática, enfim, referem-se a progresso quando o que acontece é mero desenvolvimento tecnológico. Não se deveria conceber progresso dissociado da ideia de bem-estar humano. (Karla)

    ResponderExcluir