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21 de março de 2023

O PC estadunidense e a libertação negra

Em agosto de 1919, o Partido Socialista da América se dividiu em dois, dando origem ao Partido Comunista Trabalhista (PCT) e ao Partido Comunista (PC).

Segundo Ahmed Shawki, em seu livro “Libertação Negra e Socialismo”, a principal razão do racha era a postura frente à Revolução Russa de 1917. O PCT condenando o levante liderado por Lênin e o PC apoiando.

Essa divisão refletia o que acontecia na 2ª Internacional. Eram os revolucionários contra os reformistas. Uma divergência que ocorria também na questão racial estadunidense.

O PCT abrigava racistas. Mas segundo James P. Cannon, um dos fundadores do PC, seus correligionários também erravam ao ver na opressão dos negros apenas um problema econômico, parte da luta contra os capitalistas.

Para Cannon, esta concepção levava à inação frente à luta negra, servindo como um “escudo conveniente” para os preconceitos raciais presentes entre os próprios socialistas brancos.

Em 1922, o 4º Congresso da Internacional Comunista aprovou as chamadas Teses Negras. Inspirado nelas, Cannon conseguiu que fosse aprovada uma resolução, segundo a qual o PC:

...buscará acabar com a política de discriminação seguida pelos sindicatos. Fará todos os esforços para destruir completamente as barreiras do preconceito racial que têm sido usadas para manter separados os trabalhadores negros e brancos e uni-los em uma massa sólida para a luta contra os capitalistas que os exploram.

Em 1928, sob influência stalinista, a Internacional Comunista orientou o PC a lutar pela criação de uma nação negra independente no sul estadunidense. O grande risco, advertiu Trotsky na época, era que essa linha política reforçasse a segregação racial.

Continua em breve.

Leia também: O Partido Socialista da América e a questão racial

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