Doses maiores

24 de março de 2023

2016, ano referência para a burguesia

Obviamente, o país que Lula voltou a governar tem pouco a ver com aquele que encontrou em 2003. Mas segundo Eduardo Costa Pinto e Ronaldo Bicalho, o ano de referência é 2015.

Os dois são pesquisadores do Instituto de Economia da UFRJ e na edição 135 de seu programa “Diário da Crise”, destacaram dados sobre a taxa de lucro das 500 maiores empresas não financeiras nacionais entre 2000 e 2021.

Em 2004, um ano após a posse de Lula, a taxa de lucro daquelas empresas era 17,9, mantendo-se nesse patamar até 2007. Começou a cair a partir de 2008, despencando para -5,1 em 2015. No ano seguinte, a lucratividade voltou a se recuperar, chegando a 11,5 em 2018. Em 2021, alcançou 22,9, maior taxa em 50 anos.

No mesmo período, a lucratividade dos bancos manteve-se confortavelmente elevada.

O ano-chave, portanto, é 2015, quando os lucros desabaram. O que aconteceu nesse ano? Vários fatores. Entre eles, diz Costa Pinto, a política econômica neoliberal de Joaquim Levy no Ministério da Economia de Dilma. No ano seguinte, não à toa, veio o golpe do impeachment.

Quanto à disparada dos lucros em 2021, certamente foi resultado das políticas que cortaram direitos, achataram salários e eliminaram empregos promovidas pela dupla Temer/Bolsonaro.

Nada disso autoriza teorias da conspiração envolvendo maquinações eleitorais e golpistas do grande capital. Fosse assim, Bolsonaro teria sido reeleito facilmente. Mas mostra uma forte correlação entre os interesses do empresariado graúdo e o cenário político.

Apesar da derrota de Bolsonaro, a burguesia pretende manter a lucratividade recorde de 2021 a todo custo. Para ela, o marco referencial é 2016.

Leia também: O grande capital não tem o que reclamar de Bolsonaro

2 comentários:

  1. No governo Dilma os lucros despencam, o setor financeiro também está maus, a situação dos trabalhadores é muito ruim e ela tem um neoliberal no comando da economia. O que foi que deu errado, ou melhor, de que lado ela estava?

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    1. Do lado de quem achava que agradar o "mercado" ia salvá-la dos efeitos da crise. Acabou piorando a situação econômica e encomendando o caixão de seu governo. Erro crasso. Mas não acho que havia muita alternativa depois que os governos petistas assumiram o projeto neodesenvolvimentista. Beco sem saída

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