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7 de março de 2023

A luta pela libertação negra só pode ser anticapitalista

O militante e jornalista Ahmed Shawki morreu em janeiro passado. Importante liderança trotskista estadunidense, é dele o livro “Libertação Negra e Socialismo”, publicado em 2005 e lançado no Brasil em 2017.

A obra procura dar uma visão geral de algumas das principais correntes ideológicas e políticas na luta pela libertação negra nos Estados Unidos, argumentando que as ideias e organizações socialistas são parte integrante dessa luta.

No final dos anos 1960, lideranças e organizações da luta pela liberdade negra se identificaram com alguma forma de política socialista ou marxista, diz ele. O Partido dos Panteras Negras, por exemplo, defendia a revolução e se declarava “marxista-leninista”, lembra Shawki.

O declínio e a desorientação dos movimentos de esquerda da década de 1960 começaram no final dos anos 1970 e afetaram não apenas os negros, afirma o autor, mas também o movimento sindical e os movimentos pelos direitos das mulheres e dos homossexuais, entre outros.

Segundo ele, essa situação é resultado do abandono da luta socialista revolucionária. Não há como combater o racismo sem lutar pelo fim do sistema que o mantém: o capitalismo, conclui.

Shawki endossa as palavras do líder abolicionista Frederick Douglass, ditas em 1857:

Aqueles que professam ser a favor da liberdade, mas desprezam a ação revolucionária, querem colher sem arar a terra, querem a chuva sem os trovões e raios. Querem o oceano sem o rugido terrível de suas águas. Essa luta pode ser moral ou física, pode ser moral e física, mas jamais pode deixar de ser uma luta.

Continuaremos a comentar trechos dessa importante obra nas próximas pílulas.

Leia também: O partido das Panteras Negras

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