Doses maiores

13 de março de 2023

O populismo insurrecional do sul estadunidense

Wall Street é dona do país. Não é mais um governo do povo, pelo povo e para o povo, mas um governo de Wall Street, por Wall Street e para Wall Street. As pessoas comuns deste país são escravos e o monopólio é o mestre. O oeste e o sul estão presos e prostrados diante do leste industrial. O dinheiro manda, e nosso vice-presidente é um banqueiro londrino. Nossas leis são o resultado de um sistema que veste os patifes em mantos e a honestidade em trapos...

As palavras cima são de Mary Lease, líder de um movimento populista surgido em 1890 no sul dos Estados Unidos. Estão no livro “Libertação Negra e Socialismo”, de Ahmed Shawki. O movimento unia lavradores e meeiros negros e brancos em vários estados americanos. Era uma rebelião de classe que ameaçava transformar as relações raciais no sul estadunidense.

A ala sul do movimento chegou a reunir três milhões de membros, além de outros 1,25 milhão de integrantes negros. Milhares participavam de suas reuniões. Seu caráter de massas ameaçou a estabilidade dos regimes do sul. Enquanto os populistas do restante do país defendiam reformas, os sulistas falavam em revolução.

As eleições de 1896, porém, levaram o movimento ao colapso. Muitos populistas apoiaram o candidato democrata, William Jennings Bryan, contra William McKinley, republicano e considerado muito pior. McKinley venceu a eleição e a aliança populista se dividiu em várias facções brigando entre si. Logo depois, foram aprovadas as leis de segregação racial nos estados do sul.

Já naquela época, o capital financeiro se tornara avassalador e as disputas eleitorais uma força desagregadora.

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