Era uma vez, centenas de jovens pobres e desempregados se matando nas ruas do
Bronx e Harlem, em Nova Iorque, nos anos 70. Eram gangues formadas
principalmente por negros, porto-riquenhos e não brancos em geral. Surravam-se
e matavam-se disputando territórios cheios dos destroços produzidos por uma
política urbana que queria destinar seus bairros a quem podia pagar altos
aluguéis ou hipotecas.
Era uma vez, uma política de segurança que espalhava drogas entre jovens pobres
das grandes cidades para que se afundassem no vício e na violência. Sem
emprego, escola e família, eles injetavam e cheiravam e matavam-se com drogas e
porradas.
Era uma vez, um país e uma época em que lideranças que procuravam estender
direitos a negros e não brancos em geral eram assassinadas. Entre elas, Marthin
Luther King e Malcolm X.
Era uma vez, os “Irmãos do Gueto”, algumas dezenas de garotos e garotas que
começaram a mirar-se no exemplo do partido dos Panteras Negras. Seu líder era um
jovem mestre de caratê que iniciou um processo de pacificação junto às outras
gangues.
Era uma vez, gangues que deixaram de se matar para se transformar em coletivos
que disputavam competições de dança, música e grafite. O hip-hop surgia onde
antes havia só barbárie.
Esta é a história que conta o documentário "Rubble Kings", de Shan Nicholson. Uma
prova de que mesmo os mais fodidos entre os fodidos são capazes de se organizar
para buscar a paz entre si e promover o combate ao sistema que lhes declarou
guerra.
Infelizmente, por enquanto, o filme só pode ser encontrado no youtube em cópia
com legendas precárias.
Leia também: Não à pacificação do hip-hop!
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