Em seu samba “Deu pane em São Paulo”,
Luiz Tatit imagina uma cidade que finalmente funciona como um lugar feito para
pessoas viverem. É o que mostram os versos:
O povo todo
delira / E nem acredita que está em São Paulo / Uma hora de trampo / E o resto
do dia é só intervalo / E pro trabalho pesado / Cavalo, cavalo / E ainda assim
/ Com todo o cuidado / Para poupá-lo
Pois bem, no artigo “Quem tem medo
dos robôs?”, publicado na Folha em 13/07, Ronaldo Lemos cita um estudo dos
professores Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee, do Massachusetts Institute of
Technology (MIT). Eles “alertam sobre a possibilidade de que os robôs possam
fazer com que o trabalho humano fique tão obsoleto quanto o dos cavalos”.
Não seria má ideia. Melhor que na
canção de Tatit, tanto nós como os cavalos seríamos poupados das cansativas obrigações
que envolvem “trampar”. Mas a razão de ser do capitalismo é precisamente a exploração
do trabalho humano.
É por isso que diante da possível
robotização em massa, o economista-chefe do Financial Times, Martin Wolf, propôs
a possível redistribuição de “renda e riqueza em larga escala”.
O problema é que o capitalismo é cada
vez mais incompatível com uma solução como a proposta pelo velho neoliberal. Ao
invés de renda mínima, precisamos nos livrar da minoria parasita que explora o
restante de nós.
A humanidade os cavalos e muitas outras
formas de vida cederiam tranquilamente seus fatigantes postos de trabalho aos incansáveis
seres de lata.
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