Doses maiores

6 de outubro de 2015

O iluminismo árabe e o obscurantismo ocidental

A Unesco declarou 2015 como o Ano Internacional da Luz. A data marca 100 anos da publicação do estudo de Albert Einstein sobre a Teoria da Relatividade Geral.

A luz como sinônimo de pensamento racional e inteligência é tida pelo Ocidente como seu monopólio. Suas grandes potências seriam produtos e herdeiras do iluminismo europeu. Do lado escuro, estariam as sociedades orientais.

Mas a outra razão para a homenagem da Unesco mostra o quanto isso é falso. Trata-se da comemoração dos mil anos da obra de um árabe. Nascido na antiga Pérsia em 965, Abu Ali Alhazen lançou o “Livro de ótica” em 1015, inaugurando a moderna ciência da luz.

Mas as contribuições árabes para a vida contemporânea não ficam nisso. As sequências utilizadas em computadores e em quase tudo que envolve regras para a realização de tarefas foram inventadas pelo matemático Alcuarismi no século 9. De seu nome deriva o conceito de algoritmo.

Por fim, também é importante citar Ibn Khaldun, que viveu no século 14 e é considerado o fundador da sociologia moderna. Ele, por exemplo, foi responsável por análises políticas mais de 130 anos antes de Maquiavel.

Apesar de tudo isso, os povos árabes se tornaram sinônimo de fundamentalismo e ignorância. Bilhões de pessoas envolvidas com atividades produtivas, científicas, artísticas são vistas como seguidoras de terroristas fanáticos.

Na verdade, o terror de um Estado Islâmico só é possível graças às armas que recebeu das potências ocidentais, pretensas herdeiras do iluminismo ocidental. As mesmas que transformaram as geniais equações e princípios descobertos por Einstein na trágica luz de Hiroshima e Nagasaki.

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