Quando surgimos,
éramos mais um animal extremamente dependente das forças da natureza. Não
procurávamos controlá-las, mas negociar com elas. Principalmente, por meio da
religiosidade.
Quando aprendemos a criar
animais e plantas, dominar sua reprodução fez surgir a expectativa de obter controle
sobre o que nos parecia desordenado.
A produção aumentou. Surgiram
os primeiros estoques e sua administração e proteção passaram a ser tarefa de um
coletivo separado do restante da comunidade. O controle das forças naturais passou
a incluir o controle de uma minoria supervisora sobre a maioria produtora. Surgia
o Estado.
Mas o salto, mesmo,
veio com o domínio do vapor, da eletricidade, do petróleo... Passamos
definitivamente a pensar que nosso destino era colocar toda a natureza a nosso
serviço. Ainda que a serviço, principalmente, da costumeira e cada vez mais
restrita minoria.
A natureza tem leis.
Mas passamos a considerar seu funcionamento espontâneo como o império da
desordem. Confundimos acaso com caos. E não à toa, a teoria do caos surgiu a
partir das pesquisas meteorológicas. Nos estudos do clima, é preciso respeitar forças
poderosas. Não há como domesticá-las.
Mas aquela pretensão
de controle surgida junto com a lavoura e os currais teima. Capitalistas e
governos se recusam, por exemplo, a aprender com as experiências bem menos
traumáticas dos povos indígenas em sua relação com as forças naturais. Ao
contrário, tratam tais povos, eles próprios, como elementos telúricos a serem
subjugados.
O resultado aparece
ostensivo no colapso climático e social que nos ameaça. No horizonte, o caos.
Mas o caos humano, minúsculo em meio à imensa e impassível ordem natural. No
comando, capitães descontrolados.
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Bom, muito bom
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