Silvia Federici é uma feminista
marxista que tem coisas duras a dizer sobre a dominação masculina. Mas não tão
duras como a vida da grande maioria das mulheres sob o capitalismo.
Italiana naturalizada estadunidense,
uma de suas preocupações principais é o trabalho doméstico. Na verdade, trabalho
gratuito, cujo principal produto é força de trabalho destinada à exploração pelos
capitalistas. Na visão destes, as mulheres não passam de “fábricas de crianças”.
Para manter essa “produção”,
elas trabalham fora de casa, mas não param de fazer o trabalho doméstico. Em entrevista
à Folha publicada em 14/10/2019, afirma que as mulheres trabalham:
...à
noite, de manhã cedo, aos domingos. (...). Trabalham cuidando de todo mundo, da
casa, ajudando as pessoas a viver e ajudando as pessoas a morrer.
Por isso, diz ela, as “mulheres
nunca se aposentam”. E quem se beneficia disso são “todos os empregadores”.
Para Silvia, até o
sexo é parte do trabalho doméstico:
Não
importa o quão cansada esteja, se é casada e seu marido quer fazer sexo, muitas
de nós faremos sexo. Se dissermos não, muitas vezes eles nos obrigam. O que
eles chamam de amor, nós chamamos de trabalho não pago.
Quanto aos que são contra
o direito ao aborto:
Essas
pessoas só se importam com a vida do feto, porque elas não têm de pagar por
ele, porque está na barriga da mãe, mas quando nasce, e precisa de cuidados, aí
elas não se importam.
É assim que sexo e maternidade tornam-se funções brutalizadas de uma sociedade que reserva apenas
fábricas e prisões como destinos para a maioria explorada e oprimida.
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