Doses maiores

22 de agosto de 2019

Desigualdade brasileira: sem vagas no hotel de luxo

Em reportagem publicada em19/08/2019, a Folha revela: “Super-ricos no Brasil lideram concentração de renda global”.

A matéria cita o Relatório da Desigualdade Global, da Escola de Economia de Paris. Segundo o levantamento, o Brasil só perde em concentração de renda para o Qatar.

Como o país árabe é governado por uma dinastia desde meados do século 19, o Brasil seria, portanto, o mais desigual entre os países “democráticos”.

E, aí, um problema antigo se torna gigantesco na cabeça de milhões de brasileiros: Pra que serve a democracia, então?

Entre os muitos dados importantes divulgados, a matéria informa, por exemplo, que no início dos anos 2000, os miseráveis eram 28% da população. Hoje, são 11,2% do total. Porém, desde 2001:

...enquanto a metade mais pobre do Brasil obteve um aumento de 71,5% em sua renda, e os 10% mais ricos, de 60%, a classe média (os 40% "do meio") viu seus rendimentos crescerem menos: 44%.

A reportagem ouviu Fernando Burgos, professor da escola de administração da FGV-SP. Ele considera que esses setores “do meio” passaram por uma "porta giratória" da desigualdade brasileira:

É como se eles tivessem entrado por essa porta, visto o saguão do hotel e sentido o ar condicionado. Só que a porta continuou girando e eles acabaram saindo novamente.

Do saguão refrigerado de volta ao calor escaldante das ruas, grande parte dessa massa de frustrados respondeu àquela pergunta sobre a utilidade da democracia a seu modo: “Abaixo as liberdades, os direitos, a democracia!”.

Resposta extremamente equivocada, mas será assim sempre que apostarmos na boa vontade dos hóspedes permanentes daquele hotel de luxo.

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