Em reportagem publicada em19/08/2019, a Folha revela: “Super-ricos no Brasil lideram
concentração de renda global”.
A matéria cita o
Relatório da Desigualdade Global, da Escola de Economia de Paris. Segundo o levantamento,
o Brasil só perde em concentração de renda para o Qatar.
Como o país árabe é governado
por uma dinastia desde meados do século 19, o Brasil seria, portanto, o mais
desigual entre os países “democráticos”.
E, aí, um problema antigo
se torna gigantesco na cabeça de milhões de brasileiros: Pra que serve a
democracia, então?
Entre os muitos dados
importantes divulgados, a matéria informa, por exemplo, que no início dos anos
2000, os miseráveis eram 28% da população. Hoje, são 11,2% do total. Porém,
desde 2001:
...enquanto a metade mais pobre do
Brasil obteve um aumento de 71,5% em sua renda, e os 10% mais ricos, de 60%, a
classe média (os 40% "do meio") viu seus rendimentos crescerem menos:
44%.
A reportagem ouviu Fernando
Burgos, professor da escola de administração da FGV-SP. Ele considera que esses
setores “do meio” passaram por uma "porta giratória" da desigualdade
brasileira:
É
como se eles tivessem entrado por essa porta, visto o saguão do hotel e sentido
o ar condicionado. Só que a porta continuou girando e eles acabaram saindo
novamente.
Do saguão refrigerado de
volta ao calor escaldante das ruas, grande parte dessa massa de frustrados respondeu
àquela pergunta sobre a utilidade da democracia a seu modo: “Abaixo as liberdades,
os direitos, a democracia!”.
Resposta extremamente equivocada,
mas será assim sempre que apostarmos na boa vontade dos hóspedes permanentes daquele
hotel de luxo.
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Divagações sobre violência e história (1)
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