Populismo é o nome conveniente sob o qual se procura dissimular a contradição exacerbada entre a legitimidade popular e a legitimidade de especialista, ou seja, a dificuldade que o governo da ciência tem em se adaptar às manifestações da democracia...O filósofo francês está se referindo aos governos neoliberais, que alegam tomar decisões puramente técnicas. Não seriam, portanto, nem de esquerda nem de direita.
É com essa pretensão que, por exemplo, a chamada “troika” manda na Comunidade Europeia. Trata-se de uma entidade informal composta por FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia. Ela dita políticas para todos os governos da União Europeia, sem ter recebido um único voto popular.
Foi a troika que impôs as políticas que, nos últimos anos, aprofundaram a destruição dos serviços públicos que, agora, fazem tanta falta diante do avanço do coronavírus-19.
Qualquer um que questione essa lógica, é considerado populista. Mas quando o governo que faz isso é de esquerda, é asfixiado até se render, como aconteceu com o governo do Syriza, na Grécia.
Governos populistas de direita, porém, muito dificilmente se indispõem com os neoliberais, mantendo intactos os interesses do grande capital. Mesmo quando desferem ataques fascistas à democracia, continuam a ser tratados apenas como populistas. Afinal, quanto menos participação social e política, melhor para o “ambiente de negócios”.
É desse modo que em nome do combate ao populismo, o neoliberalismo impõe políticas de direita que bloqueiam os caminhos da esquerda, mas abrem avenidas para o avanço do fascismo.
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