Doses maiores

26 de março de 2020

Greve geral sanitária, já!

Enquanto Bolsonaro bate boca com governadores, o grande empresariado tem seus interesses atendidos. Veja-se, por exemplo, o título de matéria da Folha de hoje: “Governo atende a quase todos pleitos da indústria em MP trabalhista e deixa centrais de fora”

No Globo, Miriam Leitão, avisa: “Há um novo consenso entre economistas: é preciso aumentar o gasto público”. E na Revista Exame, o magnata Abílio Diniz afirma: "Paulo Guedes é liberal, mas em momentos de crise somos todos keynesianos".

O keynesianismo a que se refere Diniz certamente não implicaria a estatização de setores estratégicos da estrutura econômica. Apenas mais e maiores subsídios para ele e seus colegas de classe.

Uma possível queda de Bolsonaro muito dificilmente alteraria esse quadro. Os prováveis responsáveis pela manobra seriam governadores com grande identidade ideológica com o capitão e rabo acorrentado ao empresariado.

Enquanto isso, o que podem fazer as forças de esquerda? Alguns dos trabalhadores estão isolados em casa, mas muitos outros trabalham.

Se não é possível lotar as ruas, que abandonemos os locais de trabalho. É preciso construir uma greve geral sanitária, nos moldes dos movimentos que já vêm propondo petroleiros e metalúrgicos.

Ao keynesianismo de araque dos patrões, oporíamos um programa amplo e radical de resgate social bancado pelo grande capital. Para começar, garantindo salários integrais para todos, trabalhando ou não.

Para custear essa medida, imediata e pesada taxação das grandes fortunas e suspensão do serviço da dívida pública. Esta e outras medidas semelhantes precisam ser debatidas.

Não é possível continuarmos em nossa quarentena passiva, enquanto patrões e governos se distraem calculando quantos de nós devem morrer.

Leia também: Uma doença oportunista a espera do coronavírus

Um comentário:

  1. Muito boa proposta. Entendo difícil sua viabilidade, mas se não começarmos agora os vermes do capitalismo vão se adiantar como já estão fazendo agora e vamos tomar mais um tombo. Adorei saber da mudança de rumos proposta pelo Abílio Diniz: ""Paulo Guedes é liberal, mas em momentos de crise somos todos keynesianos". Oh raça que nega a raça humana.

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